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A história da Régine’s, boate que ligou Salvador ao Rio, São Paulo e Paris

Régine Choukroun e um de seus amigos, o cantor Julio Iglesias (Foto: Divulgação)

Quando noticiei no Blog do Marrom, dia 1º de maio (domingo e feriado), a morte em Paris, aos 92 anos, da empresária Régine Choukroun, considerada a rainha dos clubes noturnos no mundo, muita gente entrou em contato comigo para lembrar da importância dessa empreendedora e também cantora, nascida na Bélgica, que deixou sua marca na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil.

Ela era dona da famosa boate Régine’s, que teve três unidades no país: em Salvador, no antigo Hotel Le Meridien, Rio e São Paulo. Nos anos 1970 e 1980, frequentar o Régine’s era o top da noite baiana.

Régine Choukroun era muito poderosa e tinha amigos como o cantor Julio Iglesias, os atores Alain Delon e Omar Shariff, as atrizes Ursula Andress e Jane Birkin, entre outros. Tudo em que ela tocava se transformava em sucesso absoluto.

Na boate do Rio, a que mais fez sucesso, ela teve entre outras relações públicas Danuza Leão, irmã da cantora Nara leão. Em Salvador quem dava as cartas era Alicia Galez. Paparicada por todos que queriam frequentar a casa porque, com certeza, seria notícia nas principais colunas sociais da cidade.

Régine em foto mais atual (Foto: Divulgação)

Quem viveu aqueles bons tempos, se lembra com saudades até hoje de um glamour que não volta mais. Afinal, são outros tempos e outros costumes. Mas Nadir Cardoso, hoje aos 71 anos, não só guarda os bons momentos, como confessou em conversa com o Baú do Marrom: “Sempre digo: se Deus permitir eu ganhar um megão (mega sena), vou montar uma boate ainda nos moldes da Régine’s”.

E Nadir explica por que ainda lembra tanto desse tempo. “Frequentava quase todo final de semana com um namorado na época, que adorava ir. E em uma das noites Régine fez uma social na nossa mesa, onde estávamos com amigos. Realmente, dava prazer se arrumar, colocar um vestido longo, decotes. Gente bonita e bem vestida, ao contrário de hoje. Os homens  impecáveis, conforme era exigido. Vi muita gente falando por que não posso entrar assim ou assado com essa roupa!? Posso comprar essa boate! Só Deus na causa pra esses tipos”, arrematou.

Nadir Cardoso sente saudades (Foto: Acervo pessoal)

Além da Régine’s, havia uma concorrente, a Hipopótamus, no Bahia Othon Palace Hotel, pertencente a outro baluarte da noite no Brasil, Ricardo Amaral. Era a coisa mais chique, naquele tempo em Salvador, quem podia frequentar as duas. Ou pelo menos uma. Sem falar no também icônico Berro D’Água, bar e restaurante que funcionava na Barra e cuja história está sendo resgatada agora no livro escrito por seu fundador, Charles Pereira – ou Charles Mocó, para os íntimos.

Curiosamente, tanto o antigo Meridien (Rio Vermelho), que depois virou Pestana, quanto o Bahia Othon Palace (Ondina), estão fechados.

E Charles tem uma história interessante sobre o Régine´s e sua criadora, como ele relatou ao Baú: “Trabalhava no Berro até as 2h sempre com casa cheia. Chegou uma época na qual a resenha durante a noite era a Abertura do Régine’s, no Hotel Meridien. A Boate Régine’s chegou ao Brasil com uma história interessante: na sua inauguração em Paris, todas as mídias da época anunciaram a sua abertura. Rádios, TVs, jornais movimentaram o Jet Set, na noite. Tudo preparado, seguranças, hostess e a própria Régine na portaria, mas ninguém entrou. Desde cedo, filas imensas, e os porteiros dizendo: ‘não entra mais ninguém, a boate está superlotada’. Era uma jogada de marketing, ninguém entrou nessa noite e a mídia anunciou: ‘RÉGINE’S SUCESSO TOTAL, SUPERLOTADA NA SUA INAUGURAÇÃO. UMA GRANDE JOGADA.’ Assim, desde o nascimento da sua Régine’s, a Mme. Régine já brilhava!

Charles Pereira ou Charles Mocó, do Berro D’Água (Foto: Divulgação)

Assim como outros baianos importantes na noite de Salvador, Charles também era um frequentador contumaz, como ele fez questão de ressaltar: “Aqui logo no início quem comandava era a simpática gerente e amiga de todos, Alicia Galez. Com sua simpatia na noite, a pista vivia sempre cheia, eram tempos de discoteca. Zorba (outro famoso empresário da noite, do Clube 45) fazia um baile à fantasia fantástico. As mulheres abriram seus armários e o perfume ficou no ar. Ney Galvão (famoso estilista que substituiu Clodovil no programa TV Mulher, apresentado por Marília Gabriela na TV Globo) fez desfiles no Régine’s. Lennie Dale (o bailarino e cantor americano e um dos criadores do revolucionário grupo Dzi Croquetes) fez uma noite de coreografias. O Berro fechava em função da pista sempre cheia do Régine’s. Todo mundo feliz até o Régine’s virar Zodíac. Aí já é outra história. Viva o Régine’s, viva a autenticidade de Mme. Régine.

O jornalista e produtor cultural baiano Carlos Borges, que mora nos EUA, também comentou sobre Régine. “Era uma mulher de personalidade fortíssima e com um senso empresarial que assustava muita gente. Uma jet-setter no mais amplo sentido do termo. É um símbolo da mais glamurosa fase das boates high-end do Brasil.”

A presença de Régine não era muito comum em Salvador. Mas quando ela aqui chegava, sempre havia um frisson. Há uma história que ninguém confirma ou desmente, sobre uma suposta ida dela a uma praia na capital baiana com traje avançadíssimo para a época. Ao chegar, ela teria tirado a canga de crochê para tomar sol e estava completamente nua, como veio ao mundo.

A notícia circulou na imprensa como um grande escândalo. Se alguém que estiver lendo esse Baú presenciou essa cena, que nos conte toda a história (rs).

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