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Elvis não morreu

Elvis Presley no início dos anos 1970, na fase “brega” (reprodução)

É possível que, no restante do ano, um lendário astro do rock que nunca morreu se erga das cinzas e ofusque todos os ícones vivos da década, virando a moda pelo avesso. Melhor já ir se preparando para uma profusão de roupas excêntricas, como os ternos e macacões bordados com pedrarias coloridas e lamê, criados pelo alfaiate Bernard Lansky, e cabelos com cortes Pompadour, topete alto e costeletas.

Nem vou falar numa previsível viralização da coreografia que escandalizava a sociedade dos anos 50, a ponto de agregar um “The Pelvis” ao nome do tal cantor. Com estreia nos cinemas prevista, no Brasil, para o dia 14 de julho, a cinebiografia de Elvis Presley escrita (em parceria com Craig Pearce) e dirigida pelo australiano Baz Luhrmann promete nada menos que ser um Apocalypse Now dos musicais do século 21.

A definição, em tom de brincadeira, foi feita por Luhrmann em maio, numa entrevista à revista eletrônica EW, na qual o diretor classifica o seu longa-metragem como uma “ópera-cult-pop” em três atos. Apocalypse Now, livremente inspirado em No Coração das Trevas, de Joseph Conrad, foi um set de pesadelo que quase mata Francis Ford Coppola durante as gravações nas Filipinas, entre 1976 e 1979.

Mas há conexão entre os dois filmes? Sim, se considerarmos que a vida de Elvis foi uma espécie de Vietnã melancólico, com ingredientes que vão da obsessão por armas, acusações de espionagem (dizem que espionava Lennon, a mando do FBI) e paranoias pessoais. Também podemos acrescentar o fato de as filmagens terem sido atravessadas pela pandemia, com tudo que isso tem de dramático e histórico.

Elvis nos anos 1950, no auge da beleza (divulgação)

Cotado para a corrida ao Oscar, Austin Butler interpreta o cantor, mas os críticos de cinema comentam que quem rouba a cena é Tom Hanks, que vive o Coronel Parker. Exibido durante o Festival de Cannes, o longa foi aplaudido de pé por mais de dez minutos, recorde da edição desse ano. Prevendo que todos terão 15 minutos para falar sobre a relação pessoal com Presley nas redes sociais, já me adianto.

Aos oito anos, descobri que Elvis existia numa revista em quadrinho. Vi todos os filmes exibidos nas Sessões da Tarde. Assisti aos shows de sua fase decadente em Las Vegas pela TV. Só o reneguei ao entrar na adolescência, quando cruzei com Janis Joplin, e todos da minha turma o consideravam brega e ridículo. Nos anos 80, bom mesmo era ouvir os artistas ingleses que tocavam no programa FM de Marcelo Nova.

Para meus amigos da época, ele era aquele cara obeso, suado, vestindo calças boca de sino. Mais que abandonei, reneguei Elvis. Neguei seu nome três mil vezes no altar do rock. Ninguém queria parecer cafona como ele, identificar-se com o que a sua fase Vegas representava. Solidão, entorpecentes, delírios com a CIA. Talvez seja o momento certo para fazermos as pazes. Agora, entendo um pouco mais sobre desespero.

Thanks, Baz Luhrmann.

Veja o trailer de Elvis, filme estrelado por Austin Butler:

Na sexta-feira (10), o diretor Baz Luhrmann compartilhou no Twitter o teste de Austin Butler para Elvis. Veja a seguir:

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