O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) teceu críticas, na manhã desta sexta-feira (13/5), ao Supremo Tribunal Federal (STF), por suas últimas decisões, em especial, em relação ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ). Para ele, a condenação do parlamentar foi um “verdadeiro ataque à democracia”.
Em entrevista à rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul, o general disse que vê com “extrema preocupação o que tá acontecendo”. Para Mourão, após uma série de envolvimentos em corrupção, de membros do Legislativo, o Judiciário cresceu com certo “poder”, que rompeu a “harmonia e equilíbrio do que está acima do processo democrático”.
O general também afirmou haver um desencontro de informações e interpretações no Judiciário, porque há uma polarização de opiniões dos magistrados.
“A lei ela é para nós cidadãos comuns. Temos que entender o que podemos e o que não podemos fazer. A partir do momento que o magistrado A interpreta a lei de uma maneira e o magistrado B de outra maneira, a gente não sabe mais o que faz, e é isso que vem acontecendo”, argumentou Mourão.

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Antônio Hamilton Martins Mourão é um general da reserva do Exército do Brasil e atual vice-presidente da República. Natural de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Mourão tem mostrado interesse em disputar as eleições de 2022 longe de Bolsonaro
Bruno Batista VPR

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Mourão, que é casado com Paula Mourão e é pai de Antônio Hamilton Rossell Mourão, ingressou na carreira militar ainda na juventude. Com o tempo, foi conquistando espaço e cargos dentro do Exército
Romério Cunha/VPR
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Chegou a ser instrutor na Academia Militar das Agulhas Negras, foi vice-chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, enviado para Missão de Paz na Angola, comandou a 6ª Divisão do Exército em Porto Alegre, cuidou de assuntos militares na embaixada do Brasil na Venezuela, foi Comandante Militar do Sul, entre outros
Arthur Menescal/Especial Metrópoles

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Chefiou a Secretaria de Economia e Finanças, mas foi exonerado tempos depois. À época, a exoneração foi associada às declarações que ele fez durante palestra em clubes do Exército
Hugo Barreto/Metrópoles

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Na ocasião, Mourão afirmou que entre os deveres do Exército está a garantia da lei e da ordem, e que se o Poder Judiciário não exercesse o dever de garantir a política existente no Brasil isso seria imposto pelo Exército por meio de intervenção militar
Rafaela Felicciano/Metrópoles

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Em fevereiro de 2018, foi transferido para a reserva remunerada, após 46 anos de serviço
Rafaela Felicciano/Metrópoles

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Ainda em 2018, filiou-se ao Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) e, após resultados das eleições no mesmo ano, foi eleito vice-presidente na chapa de Bolsonaro
Isac Nóbrega/PR

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Após assumirem os cargos, no entanto, a relação de Bolsonaro e Mourão se tornou conturbada. Por diversas vezes, o presidente chamou os comentários do general de “infelizes”
Igo Estrela/Metrópoles

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Entre as polêmicas envolvendo o nome do vice-presidente estão: comentários racistas, comemoração do “aniversário” do Golpe de 1964 no Brasil e o pedido de impeachment de Mourão feito pelo deputado Marco Feliciano em 2019, que foi arquivado por Rodrigo Maia
Arthur Menescal/Metrópoles

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O distanciamento cada vez mais claro entre Bolsonaro e Hamilton tornou evidente a ruptura da atual chapa presidencial. Desprezando o nome do atual vice-presidente para concorrer às eleições de 2022, Bolsonaro já tem ao menos outros três nomes para possível vice
Rafaela Felicciano/Metrópoles

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Por sua vez, Mourão tem mostrado interesse em disputar o governo do Rio de Janeiro ou do Rio Grande do Sul. Se despedindo do PRTB, o general anunciou filiação ao Republicanos em 16 de março
Bruno Batista/ VPR
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Daniel Silveira
Em relação à condenação do deputado federal Daniel Silveira, por 10 x 1 votos, Mourão relatou que houve um “desacordo com aquilo que é o próprio processo legal”. Sem citar nomes, o vice-presidente falou sobre a relatoria de Alexandre de Moraes no caso do parlamentar.
“O camarada que investiga não pode ser o mesmo que denuncia e o que julga. Temos o inquérito da fake news, que não tem objeto, não tem prazo. Todo inquérito tem prazo. Dentro do Exército, por exemplo, tem 30 dias para terminar a investigação. Se não terminar nos 30, você pede mais 30, é assim que funciona”, explicou.
Como já disse em outras oportunidades, o general Mourão sugeriu que se Alexandre de Moraes se sentiu ofendido pelas falas de Daniel Silveira, ele tinha que ter tomado outra iniciativa: “Se eu sou ofendido, vou na delegacia, faço um boletim de ocorrência e processo o cidadão que me ofendeu. No caso, o que estamos vendo: se sou ministro do STF, mando prender. Isso é um verdadeiro arbítrio e ataque à democracia”, salientou.
Silveira foi condenado pelo STF a 8 anos e 9 meses de prisão, inegibilidade e multa de R$ 200 mil. Ele foi acusado de estimular atos antidemocráticos e ameaçar instituições, entre as quais o STF. Ele chegou a ser preso em fevereiro do ano passado por divulgar um vídeo com ameaças a ministros do Supremo.
Em sua fala, Mourão ainda minimizou a gravidade das falas do parlamentar contra os membros da corte, mas o chamou de mal-educado. “As expressões usadas pelo Daniel Silveira não foram educadas, mas ele é um parlamentar e ele tem liberdade pra fazer isso”, disse.
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