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O dia que o reggae de Edson Gomes invadiu a micareta de Catu, dominada pelo axé

Cantor, compositor e maior reggae man da Bahia, o cachoeirano Edson Gomes, que está comemorando 50 anos de carreira, conseguiu manter ao longo de todo esse tempo uma coerência e uma fidelidade ao reggae como poucos. Sim, porque o artista nunca saiu de sua praia para embarcar na chamada ‘onda do momento’, e seus fãs nunca o abandonaram.

Dono de incontáveis sucessos que viraram clássicos, a exemplo de ‘Samarina’, ‘Árvore’, ‘Malandrinha’, ‘Sistema’, entre outros, Edson, no entanto, sempre teve fama de durão. Pouco afeito ao mundo das celebridades, ele vem trilhando esse caminho sendo cada vez mais admirado por gerações. Pergunte a um baiano que gosta de reggae quem é Edson Gomes. Todo mundo sabe. E até quem não gosta do ritmo também deve conhecer.

Particularmente, tenho duas histórias interessantes com Edson Gomes. A primeira, lá se vai muito tempo, nos anos 1990. Fui convidado por um amigo, Pedro Santana, para fazer uma espécie de curadoria (nessa época esse termo era pouco utilizado no meio de shows) para a Micareta da Cidade de Catu. Pedro era o secretário de Cultura e Turismo da cidade, que fica na Região Metropolitana de Salvador, e me pediu para listar uma série de possíveis contratações.

Nessa época, o axé estava no auge. Vários nomes foram colocados à mesa, entre famosos e iniciantes. E um pedido chamou a atenção: todos queriam a presença de Edson Gomes. No início eu até estranhei porque ainda não havia essa cultura de misturar gêneros nas micaretas e no Carnaval. Mas, particularmente por adorar o trabalho dele, adorei.

Missão dada, eu fui à luta. Entrei em contato com o empresário dele na época, falei do interesse da produção da micareta em contratá-lo e passei as datas. Dois dias depois, após consultar a agenda do artista, recebi a notícia positiva. Comuniquei à comissão do evento e foi uma festa. Aí passamos a cuidar da chamada ‘parte legal’: fazer o contrato, providenciar hospedagem e transporte para Edson e toda equipe.

Tudo indo às mil maravilhas, até que recebo um telefonema da produção do artista: ‘Marrom, Edson mandou perguntar se vocês da micareta sabem que o show dele é só de reggae’. Eu disse: ‘claro! Mas a gente quer que ele cante o repertório dele, que é unânime por aqui. Pode vir sem problema. O show é dele e ele canta o que quiser’.

Dúvida sanada, contrato assinado, Edson fez um showzaço. E a cidade toda caiu no reggae, literalmente.

A segunda experiência com o reggae man aconteceu em 2001, quando produzi, junto com o produtor Tio Bill, pela Bahia Discos (braço fonográfico da Rede Bahia), o CD Kaya no Reggae, que reuniu representantes já consagrados do reggae baiano e bandas que estavam começando no cenário. Quem fez o lançamento nacional foi a Som Livre.

Foram 15 faixas com músicas interpretadas pela Diamba, Dionorina, Scambo, Sine Calmon & Morrão Fumegante, Naya, Los Baganas, Nengo Vieira e Tribo D´Abraão, Massai, Mosiah, Adão Negro, Lazzo e Banda Reluz, além de Edson Gomes. Tudo isso com direito a show de lançamento no Parque de Exposições.

Durante a montagem do repertório, procuramos, como falei acima, unir as diversas tribos de reggae. Havia um certo estranhamento entre a galera do chamado Reggae Roots e a galera mais jovem, que fazia o chamado Reggae de Praia, como alguns o classificavam. Foi aí que acendeu a luz amarela: com a fama de durão que tinha, nos perguntamos: ‘será que Edson aceitará o convite?’

Mais uma missão que encarei de boa. E Edson não só autorizou a música ‘Malandrinha’ para entrar na coletânea, como também aceitou participar do evento.

Passados 15 anos, junto com o mesmo Tio Bill resolvemos fazer um show comemorativo no Armazém Hall, com alguns dos participantes. Dessa vez Edson não pode comparecer. Mas nem por isso ele deixou de ser lembrado e reverenciado.

Em tempo: neste sábado (21), Edson realiza show comemorativo aos seus 50 anos de carreira em Salvador. 

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